Diante do aumento de casos de violência doméstica, uma juíza da de Bento Gonçalves,
na Serra do Rio Grande do Sul, resolveu mudar a rotina do fórum onde
trabalha para fortalecer a rede que atende mulheres vítimas desse tipo
de agressão. Na cidade gaúcha, centenas de casos surgem todos os anos.
A mudança é sentida na sala de audiências. Há quase um ano,
psicólogas e assistentes sociais especializadas em violência contra a
mulher passaram a acompanhar os casos. Além disso, a vítima inicialmente
é ouvida acompanhada da Defensoria Pública e do defensor do agressor,
mas sem que ele esteja na sala.
A decisão é simples, mas a juíza Valéria Eugênia Neves Willhelm
acredita que o depoimento da vítima seja mais próximo da realidade se
ela for ouvida sem a presença do agressor. Antes, isso só acontecia se a
vítima fizesse o pedido.
“Ela se intimida de contar a verdade.
Muitas vezes ela pode ficar olhando pra ele pra ver se ele aceita aquilo
que ela está contando para o juiz”, detalha a juíza.
De janeiro a
novembro de 2015, o número de denúncias aumentou em relação ao mesmo
período do ano anterior, passando de 700 para 1 mil casos. No entanto, a
juíza não sabe se isso aconteceu porque as ocorrências realmente
cresceram ou se as mulheres estão se sentindo mais seguras para
denunciar.
“Eu, como juíza, estou aqui para cumprir o meu papel, que é dar poder
a essas mulheres”, afirma ela, que conquistou o apoio de colegas.
“A reincidência está diminuindo, não ocorreu mais nenhuma neste ano,
dentro desta prática. As mulheres saem da sala de audiências mais
seguras e mais fortalecidas”, comenta a coordenadora do Centro de
Referência da Mulher, Regina Zanetti.
“Com isso se consegue fazer
um trabalho de proteção a essa vítima e a aplicação ou extensão dessas
medidas protetivas que tenham sido aplicadas”, completa a promotora de
Justiça, Vanessa Bom Schmidt Cardoso.
No Brasil, cerca de 80% dos casos de agressão contra mulheres
envolvem parceiros ou ex-parceiros. E a violência doméstica não está
relacionada só à agressão física. Pode ser uma ameaça, uma humilhação ou
até mesmo uma forma de controle.
“É o que tem de pior no mundo. Para mim, a violência contra a mulher é
algo que não se aceita mais, tem que terminar com essa dominação
masculina que ainda existe no Brasil”, diz a magistrada.
Denúncias
de casos de violência contra mulher podem ser feitas em qualquer
delegacia. Em caso de urgência, o telefone 190 está disponível.
Fonte: G1 - RS
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